sexta-feira, 5 de agosto de 2011

SONHOS E PESADELOS

             Muito se tem escrito e falado sobre tão complexa matéria. São tantas e tão variadas as interpretações que eu, simplificando, direi que os sonhos e os pesadelos são o resultado de a mente se ausentar do corpo e andar por aí feita vadia a viver situações que muitas vezes não fazem sentido.Atenção que eu disse "muitas vezes não fazem sentido" e não "nunca fazem sentido...".
             Entre os sonhos ou pesadelos (e são muitos) que me perturbam o sono que sempre desejei tranquilo, aqui vai um que ultrapassa todas as barreiras do insólito.
             Uma noite destas sonhei que era melão...Melão, calculem... Não faz sentido, pois não? Claro que não faz sentido... Mas os sonhos são isto mesmo...
              Bem...sonhei que era melão. Um melão junto de outros que estavam a ser vendidos não num grande super-mercado, não num mercado vulgar, num daqueles mercados que também chamamos praça, mas na rua, na via pública, ao ar livre...
              Eu e os meus companheiros que estavamos a ser comercializados faziamos um enorme monte que chamava, de imediato a atenção de quem passava, principalmente das mulheres...
              Eu estava lá mesmo no cimo do monte, logo, muito fácil de ser agarrado, de ser apalpado, de ser cheirado no sítio onde se cheiram todos os melões.
              Aconteceu que as pessoas (principalmente as mulheres) pegavam em mim...apalpavam-me...cheiravam-me e...acabavam por me atirar de qualquer maneira, e sem o mínimo cuidado para cima dos meus irmãos melões como que a querer dizer: "este é pequenino, não deve prestar...".
               Até que uma senhora que eu achei ser muito bonita pegou em mim carinhosamente... Mas...loogo o bandido do vendedor me deitou a moral a baixo dizendo à senhora: "Esse é muito pequenino, minha senhora. Tenho aqui melões maiores e melhores... Mas a mulher bonita contrariou o bandido do vendedor: "Esses podem ser maiores e melhores, mas eu gosto deste e vou levá-lo... Não me pergunte porquê, mas eu gosto deste..."
                Escusado será dizer que fiquei muito vaidoso por a mulher bonita ter gostado de mim... E depois, bem...e depois... a mulher bonita, como tinha o saco das compras cheio carregou comigo encostando-me ao peito, por ser a maneira mais prática de me transportar... Logo... fiquei muito contente porque, em comparação com os melões onde estava agora encostado, eu era o maior...
               Mal chegou a casa, a mulher bonita que, provalmente até estaria de "apetites", abriu a gaveta do armário da cozinha, tirou uma faca enorme, e quando ia partir-me (para me comer, já se vê...) acordei sobressaltado e eu fiquei, como se compreende, sem saber se fui ou não comido pela única mulher que tinha gostado de mim...

                                                                                                                  José Vargas