Naquela noite, apenas o mar rompia o silêncio na noite suspensa, parada no tempo.
À espera do madrugar que adivinhava distante, naveguei no breve das ondas que nasciam e renasciam quase no mesmo instante. E a meus pés, a espuma a desfazer-se na última carícia ao areal.
Estátua viva em pedestal de areia julguei-me dono do mar. Mas, o mar...o mar que me adivinha, disse-me: "Eu não sou de ninguém!...».
Lembrei então palavras bonitas ditas para enfeitar discursos de supostas boas intenções, e mergulhei em mil oceanos rubros de sangue que o homem inventou.
E perguntei: "Afinal, que fazemos nós aqui, na terra que pisamos, na água que bebemos, no ar que respiramos, se não crescem searas de amor e o sol só descobre manhãs sangrentas?
Ninguém me respondeu. E o mar... O mar abafou-me a voz...
domingo, 20 de fevereiro de 2011
sábado, 12 de fevereiro de 2011
A IMPORTÂNCIA DO GESTO
Passou, há já uns anitos, na televisão em Portugal, um programa com caracteristicas de concurso, cujo título "O gesto é tudo" é bastante elucidativo. Um programa que, embora não tenha estado muito tempo na grelha da programação, teve algum sucesso.
Claro que o gesto é tudo. É seguramente, juntamente com a voz, o meio mais natural de comunicação, um meio quase sempre usado de forma teatral.
Isso mesmo: de forma teatral.
Mas não entremos em metéria que daria pano para mangas que, o que se pretende aqui dizer, isto é, o que se pretende aqui escrever é tão simples como isto: há dias, na cidade de Beja comprei um CD com música daquela que apetece ouvir "alto e bom som", e que não evita o "abanar do capacete".
Porque, poderia incomodar pessoas que não gostam de ouvir música muito alta (eu próprio detesto e só tinha fugido ao que me é habitual por motivos de que não falarei aqui por pensar que não tem qualquer interesse), aproveitei o facto de a superfície comercial onde comprei o CD ter um parque de estacionamento enorme (uma "tia de Cascais diria, "enormérrimo!..." ) para me afastar o mais possível da zona aonde havia mais carros estacionados.
Acontece porém que, as pessoas que faziam a sua entrada pela zona sul do parque, tinham que passar obrigatorianente pelo local onde me encontrava a ouvir a tal música que eu havia acabado de comprar.
Porque, levado na onda eu ia abanando o capacete, quero dizer, ia abanando a cabeça com movimentos verticais, quem passava por mim, julgando tratar-se de um cumprimento, acabava por me cumprimentar juntando muitas vezes um sorriso ao cumprimento .
Não me lembro de alguma vez ter sido cumprimentado tantas vezes em tão pouco tempo.
josé Vargas
José Vargas
acabava
Claro que o gesto é tudo. É seguramente, juntamente com a voz, o meio mais natural de comunicação, um meio quase sempre usado de forma teatral.
Isso mesmo: de forma teatral.
Mas não entremos em metéria que daria pano para mangas que, o que se pretende aqui dizer, isto é, o que se pretende aqui escrever é tão simples como isto: há dias, na cidade de Beja comprei um CD com música daquela que apetece ouvir "alto e bom som", e que não evita o "abanar do capacete".
Porque, poderia incomodar pessoas que não gostam de ouvir música muito alta (eu próprio detesto e só tinha fugido ao que me é habitual por motivos de que não falarei aqui por pensar que não tem qualquer interesse), aproveitei o facto de a superfície comercial onde comprei o CD ter um parque de estacionamento enorme (uma "tia de Cascais diria, "enormérrimo!..." ) para me afastar o mais possível da zona aonde havia mais carros estacionados.
Acontece porém que, as pessoas que faziam a sua entrada pela zona sul do parque, tinham que passar obrigatorianente pelo local onde me encontrava a ouvir a tal música que eu havia acabado de comprar.
Porque, levado na onda eu ia abanando o capacete, quero dizer, ia abanando a cabeça com movimentos verticais, quem passava por mim, julgando tratar-se de um cumprimento, acabava por me cumprimentar juntando muitas vezes um sorriso ao cumprimento .
Não me lembro de alguma vez ter sido cumprimentado tantas vezes em tão pouco tempo.
josé Vargas
José Vargas
acabava
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
BRINCAR SEM OFENDER
Não vou dizer que a culpa é do Sr. Carlos, o meu primeiro professor de teatro, porque não fui obrigado a fazer o que sempre me ensinou e recomendou: "Devemos fazer teatro em qualquer lugar, com ou sem público, com ou sem palco, desde que o diálogo seja possivel e não ofendamos ninguém". Não esqueci o que me ensinou e recomendou o meu querido professor, e de vez em quando lá vai uma "cegada" que não ofende .
Estava eu para meter gasolina numa gasolineira algures no meu Alentejo, quando me lembrei de pôr em pratica os ensinamentos do meu mestre.
Não havia fila para abastecimento (era eu o único cliente à vista) o que dava para um "improviso".
Simulei dificuldade em abrir o tampão para meter gasolina e perguntei ao empregado se não poderia fazer o favor de me o abrir. O rapaz aproximou-se e com um sorriso trocista e atirou-me:
"Então, o senhor tem um carro e não sabe abrir o depósito da gasolina?"
Simulando distracção disse-lhe que tinha roubado o carro na noite anterior e que não sabia lidar ainda com o sistema da abertura que me parecia um pouco difícil, para de seguida fazendo-me atrapalhado emendar: "Não...não....não é isso, o carro é meu!"
Acho que consegui fazer passar a mensagem de que estava deveras comprometido, o que fez com que o rapaz me olhasse com um ar de quem está mesmo desconfiado.
Fiz o pagamento da gasolina já com aumento de preço e dirigi-me ao balão da loja de apoio aos clientes para beber um cafézinho.
Foi então que aconteceu o que fez com que o final da peça de teatro improvisada fosse brilhante: entrou para a zona de serviço um gipe com dois guardas da G.N.R. e...aconteceu o que já estarão provavelmente a pensar: o rapaz contou a estória aos agentes da autoridade que, de imediato me pediram os documentos .
Tudo bem, "Boa tarde srs. guardas", "Boa tarde, sr. condutor e boa viagem" , o rapaz da gasolineira ficou sem pestenejar e eu preparei-me para arrancar, enquanto os guardas se dirigiam ao jovem gsolineiro. Não fui capaz de abandonar a cena e disse para os guardas e para o diligente empregado:
"Eu estava apenas a brincar quando disse que tinha roubado o carro ontem à noite. Pensei que o amigo tivesse percebido que estava apenas a tentar fazer um pouco de humor...Peço desculpa!...De qualquer maneira acho que o amigo faz bem em denunciar a situação, porque isto nunca se sabe... Há até um ditado que diz: "Com a verdade me enganas!..."
Felizmente tudo acabou em bem, porque os guardas e o empragado da gasolineiro, ficaram a gargalhar, enquanto eu dsse cá para mim: "Boa!..."
José Vargas
NADA SE REPETE EM ABSOLUTO
Ninguém vê duas vezes
a mesma paiagem;
ninguém vive duas vezes
o mesmo momento;
ninguém faz duas vezes
a mesma viagem;
ninguém faz duas vezes
o mesmo mivimento.
Nada se repete em absoluto
nesta esfera parada pelo movimento:
por cada segundo que passa...
há sempre diferenças
no espaço e no tempo.
José Vargas
PERTO DO IMPOSSÍVEL
Se não
de todo impossível,
decerto dificilmente
alguém nos dirá as horas
certas, exactamente.
"Duas horas,
quatro minutos
e seis segundos".
Quem o diz tem a certeza
porque o relógio é de marca,
está certinho...
Nunca falha,
é uma beleza.
Certinho, o relógio estará!...
Mas...prestemos atenção:
quem nos informa das horas
diz-nos as horas que viu
e não as horas que já são.
É que,enquanto nos diz as horas,
as horas que viu marcadas
passaram alguns sgundos
e a informação fica errada.
Duas horas serão...
Mas...duas horas,
quatro minutos
e seis segundos
exactamente, já não são!...
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