terça-feira, 13 de setembro de 2011

O MILIONÁRIO SOLIDÁRIO

              Falemos de coisas sérias que os tempos não estão para brinca
deiras; estejamos suficientemente  atentos que os tempos não estão para distrações; sejamos solidários com os ricos, mais concretamente com os milionários, melhor ainda, com os multimilionários, que se um dia os desgraçados cairem naquiilo a que os pobres estão habituados, haverá por aí suicídios em série.
              Mas...agora muito mais a sério, vamos falar de um tal multimilionário americano, daquele que é considerado o terceiro homem mais rico do mundo.
              Não vamos falar desse multimilionário, só porque o americano é o terceiro homem mais rico do mundo, mas sim por ele ter defendido publicamente o que não é habitual nos da sua classe. Exatamemente.O que não é habitual nos da sua classe.
             Descobriu o tal iluminado milionário que o que se está a passar no mundo é uma vergonha; que os governantes deviam perceber que os mais ricos não devem ter benefícios fiscais, enquanto os pobres vivendo por vezes com enormes dificuldades são sempre os castigados, muito especialmente nos tempos de crise; que os mais ricos deviam fazer o que ele já fez e continuará a fazer, isto é , distribuir pelos pobres parte das suas fortunas. Bonito, bonito, bonito!...A sério!...
            Sem perceber bem porquê, ao ter conhecimento desta tomada de posição por parte do milionário americano, lembrei-me do que li em 1996 escrito por esse grande filósofo e humanista português, Prof. Agostinho da Silva.
            Falando das grandes injustiças sociais a que vamos assistindo (afinal as mesmas do passado e provavelmente as mesmas do futuro) dizia o Prof que o avanço tecnológico a que temos assistido nas últimas décadas vêm beneficiando muito especialmente os poderosos, que conseguem grandes produções com muito menos mão de obra do que  seria necessária tempos atrás, que a acumulação de lucros vai  tornando os ricos cada vez mais ricos, e logo os pobres cada vez mais pobres; que as dificuldades dos pobres, atirados para o desemprego ou auferindo salários de miséria pode dar origem as convulsões sociais incontroláveis, e que se até ao ano 2012 a sociedade não encontrar soluções que possam tornar o mundo mais justo e humanizado, tudo pode acontecer, mas nunca nada de bom...
           Então fiquei a pensar: "Será que o milionário americano é verdadeiramente solidário, ou... muito atento e inteligente faz uma análise idêntica à do nosso filósofo?                                  

O MILIONÁRIO SOLIDÁRIO

              Falemos de coisas sérias que os tempos não estão para brinca
deiras; estejamos suficientemente  atentos que os tempos não estão para distrações; sejamos solidários com os ricos, mais concretamente com os milionários, melhor ainda, com os multimilionários, que se um dia os desgraçados cairem naquiilo a que os pobres estão habituados, haverá por aí suicídios em série.
              Mas...agora muito mais a sério, vamos falar de um tal multimilionário americano, daquele que é considerado o terceiro homem mais rico do mundo.
              Não vamos falar desse multimilionário, só porque o americano é o terceiro homem mais rico do mundo, mas sim por ele ter defendido publicamente o que não é habitual nos da sua classe. Exatamemente.O que não é habitual nos da sua classe.
             Descobriu o tal iluminado milionário que o que se está a passar no mundo é uma vergonha; que os governantes deviam perceber que os mais ricos não devem ter benefícios fiscais, enquanto os pobres vivendo por vezes com enormes dificuldades são sempre os castigados, muito especialmente nos tempos de crise; que os mais ricos deviam fazer o que ele já fez e continuará a fazer, isto é , distribuir pelos pobres parte das suas fortunas. Bonito, bonito, bonito!...A sério!...
            Sem perceber bem porquê, ao ter conhecimento desta tomada de posição por parte do milionário americano, lembrei-me do que li em 1996 escrito por esse grande filósofo e humanista português, Prof. Agostinho da Silva.
            Falando das grandes injustiças sociais a que vamos assistindo (afinal as mesmas do passado e provavelmente as mesmas do futuro) dizia o Prof que o avanço tecnológico a que temos assistido nas últimas décadas vêm beneficiando muito especialmente os poderosos, que conseguem grandes produções com muito menos mão de obra do que  seria necessária tempos atrás, que a acumulação de lucros vai  tornando os ricos cada vez mais ricos, e logo os pobres cada vez mais pobres; que as dificuldades dos pobres, atirados para o desemprego ou auferindo salários de miséria pode dar origem as convulsões sociais incontroláveis, e que se até ao ano 2012 a sociedade não encontrar soluções que possam tornar o mundo mais justo e humanizado, tudo pode acontecer, mas nunca nada de bom...
           Então fiquei a pensar: "Será que o milionário americano é verdadeiramente solidário, ou... muito atento e inteligente faz uma análise idêntica à do nosso filósofo?                                  

O MILIONÁRIO SOLIDÁRIO

              Falemos de coisas sérias que os tempos não estão para brinca
deiras; estejamos suficientemente  atentos que os tempos não estão para distrações; sejamos solidários com os ricos, mais concretamente com os milionários, melhor ainda, com os multimilionários, que se um dia os desgraçados cairem naquiilo a que os pobres estão habituados, haverá por aí suicídios em série.
              Mas...agora muito mais a sério, vamos falar de um tal multimilionário americano, daquele que é considerado o terceiro homem mais rico do mundo.
              Não vamos falar desse multimilionário, só porque o americano é o terceiro homem mais rico do mundo, mas sim por ele ter defendido publicamente o que não é habitual nos da sua classe. Exatamemente.O que não é habitual nos da sua classe.
             Descobriu o tal iluminado milionário que o que se está a passar no mundo é uma vergonha; que os governantes deviam perceber que os mais ricos não devem ter benefícios fiscais, enquanto os pobres vivendo por vezes com enormes dificuldades são sempre os castigados, muito especialmente nos tempos de crise; que os mais ricos deviam fazer o que ele já fez e continuará a fazer, isto é , distribuir pelos pobres parte das suas fortunas. Bonito, bonito, bonito!...A sério!...
            Sem perceber bem porquê, ao ter conhecimento desta tomada de posição por parte do milionário americano, lembrei-me do que li em 1996 escrito por esse grande filósofo e humanista português, Prof. Agostinho da Silva.
            Falando das grandes injustiças sociais a que vamos assistindo (afinal as mesmas do passado e provavelmente as mesmas do futuro) dizia o Prof que o avanço tecnológico a que temos assistido nas últimas décadas vêm beneficiando muito especialmente os poderosos, que conseguem grandes produções com muito menos mão de obra do que  seria necessária tempos atrás, que a acumulação de lucros vai  tornando os ricos cada vez mais ricos, e logo os pobres cada vez mais pobres; que as dificuldades dos pobres, atirados para o desemprego ou auferindo salários de miséria pode dar origem as convulsões sociais incontroláveis, e que se até ao ano 2012 a sociedade não encontrar soluções que possam tornar o mundo mais justo e humanizado, tudo pode acontecer, mas nunca nada de bom...
           Então fiquei a pensar: "Será que o milionário americano é verdadeiramente solidário, ou... muito atento e inteligente faz uma análise idêntica à do nosso filósofo?                                  

PARTIDINHA DO MARQUÊS DE POMBAL

                           Mesmo aceitando que o Marquês poderia ter motivos suficientes para "não ir muito à bola com os Jesuitas" sempre achei que ele terá ido longe de mais para, de uma forma tão sumária, os expulsar de Portugal.
                           Mesmo aceitando que, os Távora, movidos por motivos de ordem política, terão querido mesmo "limpar o sarampo" ao Rei D. José (a seguir seria o Marquês), sempre achei que ele terá ido longe de mais, quando condenou à morte criminosos e inocentes, só porque nas veias lhes corria sangue Távora.
                           Mas...manda a verdade que se diga que, o polémico Ministro de D. José, terá sido, no que diz respeito à governação, o melhor Ministro de Portugal de todos os tempos.
                           Bem... trata-se da minha opinião e a de muitos  por esse país fora. Claro que há quem o veja de maneira completamente diferente.
                           Toda esta conversa para ficar por aqui mais um dos meus muitos insólitos sonhos.
                           Foi assim: eu estava numa casa vulgaríssima (uma casa de pequenas dimensões) acompanhado por alguém ( os sonhos são mesmo assim) de quem não vi o rosto.
                           Ao fundo dessa casa vulgaríssima e de pequenas dimensões encontrava-se uma caixa de pedra com inscrições embutidas no tampo. Tratava-se (vejam só) do túmulo do Marquês de Pombal.
                           A determinada altura disse para alguém de quem não vi o rosto, que a caixa de pedra, isto é, que o Túmulo do Marquês tinha sido alvo duma tentativa de violação. Uma forte gargalhada cortou o fúnebre silêncio. Sem perceber de onde partira tão arrepiante gargalhada, olhei atentamernte para a caixa de pedra, isto para o túmulo do Marquês e reparei que, muito lentamente, o tampo da caixa de pedra, isto é, o tampo do Túmulo do Marquês se ia levantando.
                          Não tardou que, imponente, exibindo a sua admirável cabeleira branca e um brilhante casaco de veludo verde, ornamentado com vistosos galões dourados, o Marquês saísse do túmulo.
                          Aterrado, que a situação era mesmo de arrepiar, vi o Marquês vir na minha direção.
                          Claro que só havia uma coisa a fazer:fugir daquele que, mesmo cadáver há mais de duzentos anos. ainda tinha conseguido sair do túmulo.
                          Então corri, corri, corri, e quando já pensava que iria ser apnhado pelo Marquês, que o fulano mesmo morto há mais de duzentos anos ainda apresentava uma excelente condição física, surge a salvação: na minha frente um elevador. Chamei o sobe-e desce que foi mais rápido do que qualquer elevador a subir e a descer em qualquer lugar deste ou de qualquer outro Planeta.
                          O pior é que, o elevador estava avariado e a porta não abria o suficiente para eu poder entrar. Tive então uma ideia: encostei o ombro ao extremo da porta e com bastante força fui empurrando, empurrando, convencido de que conseguiria abrir aquilo que julguei ser a minha salvação. Tanto empurrei, tanto empurrei que, caindo da cama, vim bater com os costados no chão, ficando seriamente dorido.
                          No dia seguinte, junto ao terminal dos expressos da Lourinha, contando eu o insólito sonho a quem me acompanhava, tive este desabafo: "Vejam só...o sacana do Marquês duzentos anos depois de se ter apagado ainda faz das suas..."
                          Nesse preciso momento, isto é, mal tinha acabado de ofender ligeiramente o Ministro de D. José, já eu, que levava as mãos ocupadas com algumas pastas de trabalho, me rebolava na calçada, perante a surpresa de quem me acompanhava. É que, com a conversa, não reparando num separador de passeio, não levantei a patinha o suficiente e taruz, catrapuz!!!!  Então decidi: "Se este gajo ainda cá voltar, não voto nele, pronto!...

                         
                          

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

SONHOS E PESADELOS

             Muito se tem escrito e falado sobre tão complexa matéria. São tantas e tão variadas as interpretações que eu, simplificando, direi que os sonhos e os pesadelos são o resultado de a mente se ausentar do corpo e andar por aí feita vadia a viver situações que muitas vezes não fazem sentido.Atenção que eu disse "muitas vezes não fazem sentido" e não "nunca fazem sentido...".
             Entre os sonhos ou pesadelos (e são muitos) que me perturbam o sono que sempre desejei tranquilo, aqui vai um que ultrapassa todas as barreiras do insólito.
             Uma noite destas sonhei que era melão...Melão, calculem... Não faz sentido, pois não? Claro que não faz sentido... Mas os sonhos são isto mesmo...
              Bem...sonhei que era melão. Um melão junto de outros que estavam a ser vendidos não num grande super-mercado, não num mercado vulgar, num daqueles mercados que também chamamos praça, mas na rua, na via pública, ao ar livre...
              Eu e os meus companheiros que estavamos a ser comercializados faziamos um enorme monte que chamava, de imediato a atenção de quem passava, principalmente das mulheres...
              Eu estava lá mesmo no cimo do monte, logo, muito fácil de ser agarrado, de ser apalpado, de ser cheirado no sítio onde se cheiram todos os melões.
              Aconteceu que as pessoas (principalmente as mulheres) pegavam em mim...apalpavam-me...cheiravam-me e...acabavam por me atirar de qualquer maneira, e sem o mínimo cuidado para cima dos meus irmãos melões como que a querer dizer: "este é pequenino, não deve prestar...".
               Até que uma senhora que eu achei ser muito bonita pegou em mim carinhosamente... Mas...loogo o bandido do vendedor me deitou a moral a baixo dizendo à senhora: "Esse é muito pequenino, minha senhora. Tenho aqui melões maiores e melhores... Mas a mulher bonita contrariou o bandido do vendedor: "Esses podem ser maiores e melhores, mas eu gosto deste e vou levá-lo... Não me pergunte porquê, mas eu gosto deste..."
                Escusado será dizer que fiquei muito vaidoso por a mulher bonita ter gostado de mim... E depois, bem...e depois... a mulher bonita, como tinha o saco das compras cheio carregou comigo encostando-me ao peito, por ser a maneira mais prática de me transportar... Logo... fiquei muito contente porque, em comparação com os melões onde estava agora encostado, eu era o maior...
               Mal chegou a casa, a mulher bonita que, provalmente até estaria de "apetites", abriu a gaveta do armário da cozinha, tirou uma faca enorme, e quando ia partir-me (para me comer, já se vê...) acordei sobressaltado e eu fiquei, como se compreende, sem saber se fui ou não comido pela única mulher que tinha gostado de mim...

                                                                                                                  José Vargas
     

domingo, 12 de junho de 2011

ACONTECEU

                Aconteceu dois dias antes do dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, que é o mesmo que dizer que aconteceu no dia 8 de Junho do ano 2011.
                Teria sido mais simples se tivesse dito "Aconteceu no dia 8 de Junho" Mas... como somos quase sempre tentados a burilar a palavra escrita ou falada...
                 O que aconteceu? Aconteceu que, nesse dia voltei aos pequenos-almoços que, por motivos que, de momento não posso precisar, havia abandonado. E devo dizer-lhes que me soube muito, muito bem...Depois foi um cafezinho que me caiu que nem ginjas...
                  Dirigi-me então  à banca dos jornais e pude constatar que a manhã me estava a correr às mil maravilhas: um dos jornais que dá sinais indiscutíveis de estar cada vez mais interessado em contribuir para a cultura deste povo trazia uma notícia de tanto interesse para o povo português, que teria sido uma perda irreparável se não tivesse chegado ao conhecimento do público: "Katia Aveiro, a irmã do Cristiano Ronaldo subiu os seios." Ai...a lipoaspiração!
                 Vejam só o que se teria perdido se não existisse um jornal de grande tiragem tão interssado em contribuir para a cultura do povo...
                 "Mas não haveria assuntos de mais interesse para serem abordados?", perguntarão alguns. Nem pensar!...
                  Se calhar cada povo tem a imprensa que merece...      

sábado, 21 de maio de 2011

A FOLHA DE COUVE

             Se me perguntarem que alimentação têm agora os soldados do Exército Português, não poderei responder. E porquê? Porque não sei.
             Mas...sei que não será preciso ser muito boa para ser melhor, bastante melhor do que aquela  que os soldados de há quatro ou cinco décadas atrás tinham pela frente.
             A alimentação era má? Claro que era... Mas, se tivermos em conta que, nesse tempo, a alimentação normal daqueles que não pertenciam às classes previligiadas, era de péssima qualidade... De qualquer maneira, vamos aceitar que a alimentação desses tempos mais atrasados era mesmo muito má...
             Os soldados cujas famílias tinham um nível de vida melhorado, ou mesmo muito melhorado em relação à maioria, iam recebendo reforços em dinheiro que lhes ia minorando carências.
             Mas, eu que era um pobre soldado (mais concretamente, um soldado pobre), tinha que me ir resignando com o "rancho" que me aparecia na mesa: ao almoço, feijão com massa, ao jantar, massa com feijão.
             Porque a certeza de que a alimentação dos candidatos a heróis tinha pouca qualidade, era um dado adquirido, a minha mãe preocupada comigo, mandava-me todas as semanas pelo correio uma folha de couve.
             Uma folha de couve não resolveria satisfatoriamente o meu problema alimentar, mas sempre ajudava.
             A folha de couve era-me entregue geralmente à terça-feira, e nesse dia a moral subia um pouco, porque a folha de couve garantia o reforço de duas refeições por semana.
             Dizia-me um soldado do meu esquadrão que tinha uma vida económica melhorada: "É pá, com uma folha de couve ainda rebentas a comer..."
             Que não dava para rebentar a comer sabia eu, mas... a coisa sempre ficava um pouco mais equilibrada...
              De vez em quando, junto à folha de couve lá aparecia um pão alentejano, um chouriço, um queijinho. Mas, certa, mesmo certa todas as semanas, era a folha de couve.
              Não seria nada de especial para amenizar carências alimentares, mas, lá que fazia jeito, fazia...
              Confesso que a folha de couve nem sempre chegava nas melhores condições: se algumas vezes me chegava às mãos razoávelmente conservada, outras vezes aparecia-me muito partida. Mas, enfim...tinha que viver com aquilo que tinha...
              A folha de couve poderia não ser grande coisa, mas se fizermos bem as contas o resultado é este: estive três anos na tropa, um ano tem cinquenta e duas semanas, três anos somam cento e cinquenta e seis semanas. Cento e cinquenta e seis é o número de folhas de couve que a minha mãe me mandou em três anos. É obra!
               Se calhar estão a pensar que a minha mãe andava a comprar couves no mercado para me mandar...Ou que tinha um quintal onde criaria o dito legume...Alguns estarão mesmo a pensar que era uma grande parvoice gastar dinheiro em portes de correio por uma mercadoria que valia muito menos  que o dinheiro gasto nos portes. Nada disso: folha de couve era o que na gíria se chamava à mais pequena nota do sistema monetério português. E folha de couve porquê? Porque a nota era totalmente verde.E se as couves são verdes...
               Embora a folha de couve me levantasse a moral em cada terça-feira, houve uma semana em que a minha mãe deveria ter-se esquecido de meter a carta no correio.
               E porquê? Porque numa terça-feira de má memória para mim, aconteceu algo de insólito. Como sempre o fazia quando recebia a já desmascarada folha de couve, fui jantar a um restaurante de Santarém, um restaurante que penso ainda existir: "Caravana". À saida, bem disposto e com o bacalhauzinho à lagareiro já no papo, vi uma mulher ainda jovem e com muito bom aspeto aproximar-se de mim.  Na expectativa parei, e aconteceu só isto: levei   um forte chapadão. Com esta justificação: "Toma lá, para não teres o descaramento de seres parecido com uma pessoa que odeio!"
              E sem mais...a mulher foi à vida. E eu, apanhado de surpresa, fiquei mudo de espanto...

                                 



              

   

quinta-feira, 17 de março de 2011

AINDA INSÓNIA

                                                É  nas longas noites de insónia,
                                                quando o sono é ausência
                                                e desperta os sentidos,
                                                que os pirilampos
                                                invadem a minha privacidade
                                                e projetam poemas de luz
                                                nas paredes nuas do meu quarto
                                                enquanto, vampiros
                                                disfarçados de Pombas de Paz
                                                preparam banquetes de sangue.

INSÓNIA

                                        Há tanto
                                        para poemas
                                        de revolta e de dor
                                        que os poetas
                                        ficaram sem tempo
                                        para versos de amor...

segunda-feira, 7 de março de 2011

A MULHER, CAMÕES E PESSOA

                             Estava eu prontinho para corrigir algumas gafes de que já me apercebi existirem nesta tentativa de blogue (Ai...este meu velho hábito de editar sem rever, nem corrigir!...), quando pensei: "Não!... prioritário, mesmo prioritário é não esqueceres de que amanhã é o Dia da Mulher.
                            
                            Não sei bem porquê (mas penso que deveria ser algo que andava por aqui ainda desarrumado no meu subconsciente), lembrei-me de um poema de Fernando Pessoa . O poema tem por título "Liberdade" e já na parte final diz:

                                                    Grande é a poesia, a bondade e as danças...
                                                    Mas o melhor do mundo são as crianças,
                                                    Flores, música, o luar, e o sol, que peca
                                                    Só quando, em vez de criar seca.

                             "Ó Fernando...Fernando!...Então, e as mulheres, Fernando?... No meio de tudo o que é belo, as mulheres não têm lugar? Imperdoável!...Absolutamente imperdoável!...Olha que, se fosse o Camões a escrever esse poema, as mulheres não tinham sido esquecidas...

                                                    Mas eu, Fernando, eu que não sou ninguém, eu a quem falta de todo, "engenho e arte",  vou deixar aqui a minha homenagem a esse ser maravilhoso que é a Mulher:

                                                                        
                                                                    DEUSA REAL

                                                   Esquece milénios
                                                   de silêncios impostos
                                                   e responde com um sorriso de amor.

                                                   Esquece os sonhos
                                                   que lhe foram negados
                                                   e responde com um sorriso ainada maior.

                                                   Esquece milénios
                                                   de vil servidão
                                                   e responde
                                                   com amor e perdão.

                                                   Não é Ninfa,
                                                   não é fada,
                                                   nem uma deusa qualquer:
                                                   é uma Deusa Real.
                                                   E o seu nome é: "MULHER!...
                                                  

domingo, 20 de fevereiro de 2011

NO SILÊNCIO DA NOITE

                            Naquela noite, apenas o mar rompia o silêncio na noite suspensa, parada no tempo.
                            À espera do madrugar que adivinhava distante, naveguei no breve das ondas que nasciam e renasciam quase no mesmo instante. E a meus pés, a espuma a desfazer-se na última carícia ao areal.
                           Estátua viva em pedestal de areia julguei-me dono do mar. Mas, o mar...o mar que me adivinha, disse-me: "Eu não sou de ninguém!...».
                           Lembrei então palavras bonitas ditas para enfeitar discursos de supostas boas intenções, e mergulhei em mil oceanos rubros de sangue que o homem inventou.
                          E perguntei: "Afinal, que fazemos nós aqui, na terra que pisamos, na água que bebemos, no ar que respiramos, se não crescem searas de amor e o sol só descobre manhãs sangrentas?
                          Ninguém me respondeu. E o mar... O mar abafou-me a voz...
                          

sábado, 12 de fevereiro de 2011

A IMPORTÂNCIA DO GESTO

                            Passou, há já uns anitos, na televisão em Portugal, um programa com caracteristicas de concurso, cujo título "O gesto é tudo" é bastante elucidativo. Um programa que, embora não tenha estado muito tempo na grelha da programação, teve algum sucesso.
                           Claro que o gesto é tudo. É seguramente, juntamente com a voz, o meio mais natural de comunicação,  um meio quase sempre usado de forma teatral.
                           Isso mesmo: de forma teatral.
                           Mas não entremos em metéria que daria pano para mangas que, o que se pretende aqui dizer, isto é, o que se pretende aqui escrever é tão simples como isto: há dias, na cidade de Beja comprei um CD com música daquela que apetece ouvir "alto e bom som", e que não evita o "abanar do capacete".
                           Porque, poderia incomodar pessoas que não gostam de ouvir música  muito alta (eu próprio detesto e só tinha  fugido ao que me é habitual por motivos de que não falarei aqui por pensar que não tem  qualquer interesse), aproveitei o facto de a superfície comercial onde comprei o CD ter um parque de estacionamento enorme (uma "tia de Cascais diria, "enormérrimo!..." ) para me afastar o mais possível da zona aonde havia mais carros estacionados.
                           Acontece porém que, as pessoas que faziam a sua entrada pela zona sul do parque, tinham que passar obrigatorianente pelo local onde me encontrava a ouvir a tal música que eu havia acabado de comprar.
                           Porque, levado na onda  eu ia abanando o capacete, quero dizer, ia abanando a cabeça com movimentos verticais, quem passava por mim, julgando tratar-se de um cumprimento, acabava por me cumprimentar juntando muitas vezes um sorriso ao cumprimento .
                           Não me lembro de alguma vez ter sido cumprimentado tantas vezes em tão pouco tempo.
                           
                                                                                                       josé Vargas

                                                                     

                                                                                                   José Vargas
acabava

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

BRINCAR SEM OFENDER

        
                                Não vou dizer que a culpa é do Sr. Carlos, o meu primeiro professor de teatro, porque não fui obrigado a fazer o que sempre me ensinou e recomendou:  "Devemos fazer teatro em qualquer lugar, com ou sem público, com ou sem palco, desde que o diálogo seja possivel  e não ofendamos ninguém".                                 Não esqueci o que me ensinou e recomendou o meu querido professor, e de vez em quando lá vai uma  "cegada" que não ofende .
                                Estava eu para meter gasolina numa gasolineira algures no meu Alentejo, quando me lembrei de pôr em pratica os ensinamentos do meu mestre.
                                Não havia fila para abastecimento (era eu o único cliente à vista) o que dava para um "improviso".
                                Simulei dificuldade em abrir o tampão para meter gasolina e perguntei ao empregado se não poderia fazer o favor de me o abrir. O rapaz aproximou-se e com um sorriso trocista e atirou-me:
                                "Então, o senhor tem um carro e não sabe abrir o depósito da gasolina?"
                                Simulando distracção disse-lhe que tinha roubado o carro na noite anterior e que não sabia lidar ainda com o sistema da abertura que me parecia um pouco difícil, para de seguida fazendo-me atrapalhado emendar: "Não...não....não é isso, o carro é meu!"
                                 Acho que consegui fazer passar a mensagem de que estava deveras comprometido, o que fez com que o rapaz me olhasse com um ar de quem está mesmo desconfiado.
                                 Fiz o pagamento da gasolina já com aumento de preço e dirigi-me ao balão da loja de apoio aos clientes para beber um cafézinho.
                                 Foi então que aconteceu o que fez com que o final da peça de teatro improvisada fosse brilhante: entrou para a zona de serviço um gipe com dois guardas da G.N.R. e...aconteceu o que já estarão provavelmente a pensar: o rapaz contou a estória aos agentes da autoridade que, de imediato me pediram os documentos .
                                 Tudo bem, "Boa tarde srs. guardas", "Boa tarde, sr. condutor e boa viagem" , o rapaz da gasolineira ficou sem pestenejar e eu preparei-me para arrancar, enquanto os guardas se dirigiam ao jovem gsolineiro. Não fui capaz de abandonar a cena e disse para os guardas e para o diligente empregado:
"Eu estava apenas a brincar quando disse que tinha roubado o carro ontem à noite. Pensei que o amigo tivesse percebido que estava apenas a tentar fazer um pouco de humor...Peço desculpa!...De qualquer maneira acho que o amigo faz bem em denunciar a situação, porque isto nunca se sabe... Há até um ditado que diz: "Com a verdade me enganas!..."
                                 Felizmente tudo acabou em bem, porque os guardas e o empragado da gasolineiro, ficaram a gargalhar, enquanto eu dsse cá para mim: "Boa!..."

                                                                                                                José Vargas
 
                               


                               

NADA SE REPETE EM ABSOLUTO

                                                      
                                                              Ninguém vê duas vezes
                                                              a mesma paiagem;
                                                              ninguém vive duas vezes
                                                              o mesmo momento;
                                                              ninguém faz duas vezes
                                                              a mesma viagem;
                                                              ninguém faz duas vezes
                                                              o mesmo mivimento.

                                                              Nada se repete em absoluto
                                                              nesta esfera parada pelo movimento:
                                                              por cada segundo que passa...
                                                              há sempre diferenças
                                                              no espaço e no tempo.

                                                                                                                      José Vargas

PERTO DO IMPOSSÍVEL

             
                                                 Se não
                                                 de todo impossível,
                                                 decerto dificilmente
                                                 alguém nos dirá as horas
                                                 certas, exactamente.

                                                 "Duas horas,
                                                 quatro minutos
                                                 e seis segundos".
                                                 Quem o diz tem a certeza
                                                 porque o relógio é de marca,
                                                 está certinho...
                                                 Nunca falha,
                                                 é uma beleza.

                                                 Certinho, o relógio estará!...
                                                 Mas...prestemos atenção:
                                                 quem nos informa das horas
                                                 diz-nos as horas que viu
                                                 e não as horas que já são.

                                                É que,enquanto nos diz as horas,
                                                as horas que viu marcadas
                                                passaram alguns sgundos
                                                e a informação fica errada.                  
          
                                                Duas horas serão...
                                                Mas...duas horas,
                                                quatro minutos
                                                e seis segundos
                                                exactamente, já não são!...
                

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

NO SILÊNCIO DA NOITE

        

             Apenas o mar
             a romper o silêncio
             na noite suspensa,
             parada no tempo.

             Espero o madrugar
             que adivinho distante
             e navego no breve das ondas
             que nascem e renascem
             quase no mesmo instante.
             E a meus pés
             a espuma que se desfaz
             na última carícia ao areal.

             Estátua viva em pedestal de areia
             julgo-me dono do mar.
             Mas o mar...
             o mar que me adivinha, diz-me:
             "Eu não sou de ninguém!!!...

             Recordo então
             palavras bonitas que se dizem
             para enfeitar discursos
             de supostas boas intenções
             e mergulho em mil oceanos
             rubros de sangue
             que o homem inventou.

              E pergunto:
              "Afinal...
              que fazemos nós aqui
              na terra que pisamos,
              na água que bebemos,
              no ar que respiramos,
              se não crescem searas de amor
              e o Sol só descobre manhãs sangrentas?

              Ninguém me responde.
              E o mar...
              O mar abafa-me a voz...
               
                                                                                                       José Vargas