Naquela noite, apenas o mar rompia o silêncio na noite suspensa, parada no tempo.
À espera do madrugar que adivinhava distante, naveguei no breve das ondas que nasciam e renasciam quase no mesmo instante. E a meus pés, a espuma a desfazer-se na última carícia ao areal.
Estátua viva em pedestal de areia julguei-me dono do mar. Mas, o mar...o mar que me adivinha, disse-me: "Eu não sou de ninguém!...».
Lembrei então palavras bonitas ditas para enfeitar discursos de supostas boas intenções, e mergulhei em mil oceanos rubros de sangue que o homem inventou.
E perguntei: "Afinal, que fazemos nós aqui, na terra que pisamos, na água que bebemos, no ar que respiramos, se não crescem searas de amor e o sol só descobre manhãs sangrentas?
Ninguém me respondeu. E o mar... O mar abafou-me a voz...
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