sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

BRINCAR SEM OFENDER

        
                                Não vou dizer que a culpa é do Sr. Carlos, o meu primeiro professor de teatro, porque não fui obrigado a fazer o que sempre me ensinou e recomendou:  "Devemos fazer teatro em qualquer lugar, com ou sem público, com ou sem palco, desde que o diálogo seja possivel  e não ofendamos ninguém".                                 Não esqueci o que me ensinou e recomendou o meu querido professor, e de vez em quando lá vai uma  "cegada" que não ofende .
                                Estava eu para meter gasolina numa gasolineira algures no meu Alentejo, quando me lembrei de pôr em pratica os ensinamentos do meu mestre.
                                Não havia fila para abastecimento (era eu o único cliente à vista) o que dava para um "improviso".
                                Simulei dificuldade em abrir o tampão para meter gasolina e perguntei ao empregado se não poderia fazer o favor de me o abrir. O rapaz aproximou-se e com um sorriso trocista e atirou-me:
                                "Então, o senhor tem um carro e não sabe abrir o depósito da gasolina?"
                                Simulando distracção disse-lhe que tinha roubado o carro na noite anterior e que não sabia lidar ainda com o sistema da abertura que me parecia um pouco difícil, para de seguida fazendo-me atrapalhado emendar: "Não...não....não é isso, o carro é meu!"
                                 Acho que consegui fazer passar a mensagem de que estava deveras comprometido, o que fez com que o rapaz me olhasse com um ar de quem está mesmo desconfiado.
                                 Fiz o pagamento da gasolina já com aumento de preço e dirigi-me ao balão da loja de apoio aos clientes para beber um cafézinho.
                                 Foi então que aconteceu o que fez com que o final da peça de teatro improvisada fosse brilhante: entrou para a zona de serviço um gipe com dois guardas da G.N.R. e...aconteceu o que já estarão provavelmente a pensar: o rapaz contou a estória aos agentes da autoridade que, de imediato me pediram os documentos .
                                 Tudo bem, "Boa tarde srs. guardas", "Boa tarde, sr. condutor e boa viagem" , o rapaz da gasolineira ficou sem pestenejar e eu preparei-me para arrancar, enquanto os guardas se dirigiam ao jovem gsolineiro. Não fui capaz de abandonar a cena e disse para os guardas e para o diligente empregado:
"Eu estava apenas a brincar quando disse que tinha roubado o carro ontem à noite. Pensei que o amigo tivesse percebido que estava apenas a tentar fazer um pouco de humor...Peço desculpa!...De qualquer maneira acho que o amigo faz bem em denunciar a situação, porque isto nunca se sabe... Há até um ditado que diz: "Com a verdade me enganas!..."
                                 Felizmente tudo acabou em bem, porque os guardas e o empragado da gasolineiro, ficaram a gargalhar, enquanto eu dsse cá para mim: "Boa!..."

                                                                                                                José Vargas
 
                               


                               

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